Resumo

Atualmente, a produção brasileira de petróleo ultrapassa a marca dos 2.5 milhões de barris por dia. O refino deste petróleo gera 1/3 deste volume no sistema de tratamento de efluentes, um resíduo chamado de borra oleosa (resíduo perigoso classe I). Técnicas de biorremediação deste resíduo podem ser utilizadas em biorreatores ou em landfarming. O landfarming é uma técnica em que o resíduo oleoso é incorporado ao solo, sob condições controladas, para promover a degradação e imobilização dos contaminantes perigosos, pela ação da microbiota do solo. O objetivo deste trabalho foi investigar e comparar estratégias de biorremediação com adição de inóculo bacteriano e/ou nutrientes, aplicados apenas no tempo zero ou de 20 em 20 dias. Foram coletadas 50 sub-amostras do landfarming Nº 2 do Polo Petroquímico/Triunfo, RS. Microcosmos foram montados utilizando-se frascos de vidro com fechamento hermético e capacidade de 2L, contendo solo de landfarming (300g) contaminado com 6% de borra oleosa. A umidade dos solos foi ajustada para 60% da capacidade de campo através da adição de água destilada estéril. Os tratamentos utilizados neste trabalho foram: a) Controle (solo de landfarming sem adição de borra); b) Atenuação Natural (solo de landfarming com adição de borra); c) Bioestimulação 1X; d) Bioestimulação sucessiva (de 20 em 20 dias); Bioaumentação 1X; e) Bioaumentação sucessiva; f) Bioestimulação + Bioaumentação 1x; g) Bioestimulação + Bioaumentação sucessiva; e h) solo de mata nativa. As avaliações realizadas foram: atividade microbiana através da evolução do CO2, pH, macro e micronutrientes do solo. No término do experimento (60 dias de incubação), o solo de mata virgem e o solo sem adição de borra (controle) apresentaram produção de respectivamente 488 e 855 mg CO2 acumulado kgkg^{-1 solo. As estratégias de biorremediação não apresentaram diferença significativa entre si, porém produziram o dobro do CO2 em relação aos tratamentos controle e mata nativa - 1.400 mg CO2 acumulado kg-1 solo em média. Isto indica que solos de landfarming contém naturalmente uma microbiota degradadora, que mesmo sem adição de nutrientes ou consórcios microbianos degradadores de hidrocarbonetos, tem capacidade de degradação de borra oleosa, a qual estimula a atividade microbiana pela adição de carbono disponível ao solo. Análises de cromatografia e sequenciamento genético da comunidade microbiana total do solo (Ion Torrent) estão em andamento para uma investigação mais profunda.}